O papel da família no processo de inclusão das pessoas com deficiências
07:20 Edit This 0 Comments »Para que se possa construir uma sociedade inclusiva é preciso antes de qualquer coisa, de toda uma mudança no pensamento das pessoas e na estrutura da sociedade, isso requer certo tempo, mas o que irá realmente nortear e desencadear essas mudanças nas pessoas é em um primeiro momento a real aceitação das pessoas com necessidades especiais, essa aceitação deve começar pela própria família.
Quando nasce uma criança diferente do que os pais imaginavam, esses ficam desesperados, sem rumo, sem saberem como agir, é como se o mundo caísse sobre suas costas, todos seus planos fossem por água abaixo, ficam se sentindo culpados por terem tido um filho (a) especial. Alguns, no início acabam tendo depressão, não aceitam a criança, as rejeitam etc.
Mas, como se diz, não dá pra rejeitar toda a vida, afinal, é sangue do seu sangue, é fruto de uma relação de amor, é uma vida nova que inicia, é uma benção de Deus e não se pode simplesmente desistir. Têm-se é que erguer a cabeça, aceitar e procurar toda ajuda possível, para oferecer o que estiver ao seu alcance para facilitar a vida dessa pessoa especial. Apoio da família, de médicos, especialistas, professores, município, etc. para que a criança possa se desenvolver por completo. Quanto mais cedo iniciar esse processo de consciência e apoio de todas as entidades a essa criança, maior e melhor será com certeza seu desenvolvimento e ela será feliz.
O que ocorre muitas vezes é um afastamento da família, e uma situação de total dependência dos médicos e demais profissionais:
Como ressalta Aranha, 2004:
"Sabe-se, entretanto, que a família tem se encontrado, historicamente, numa posição de dependência de profissionais em diferentes áreas do conhecimento, no sentido de receberem orientações de como proceder em relação às necessidades especiais de seus filhos".
A família deve buscar toda orientação que conseguir, no entanto, não podem transferir toda a responsabilidade de criação do filho a esses profissionais, tirando-a de suas costas, afinal de contas, o trabalho dos profissionais só irá obter sucesso se tiver o apoio e participação da família em casa. é difícil, sabe-se disso, com certeza não é fácil mesmo, mas é preciso haver esse enfrentamento e essa vontade para que se possa auxiliar essa criança que irá esperar e confiar plenamente nos pais para que possa melhor se desenvolver.
O poder público, por sua vez deve assegurar todo o atendimento nas áreas de saúde e educação para essa pessoa portadora de necessidades, e deve, além disso, promover a saúde física e mental não só da criança, mas de toda a família. O atendimento a gestante deve começar desde o pré-natal (onde já se podem detectar possíveis problemas) e deve seguir durante e após o parto e sempre que a família necessitar dos serviços.
Os sistemas de saúde devem divulgar, através de campanhas que atinjam toda a população, os cuidados que toda gestante deve ter para que possa ter uma criança saudável e para que já possa saber das possíveis limitações que seu bebê possa vir a ter, mas isso tudo é extremamente importante para que a mãe e toda a família em si já possam se acostumar com a idéia de ter uma pessoa com deficiência na família, para que possam aceitar e o quanto antes estudar a melhor forma de atender todas as necessidades do novo membro da família.
Antigamente os pais não colocavam seus filhos especiais cedo na escola, pois achavam que não teriam capacidade de aprender, de se desenvolver, viviam no achismo de que a criança era repleta de limitaçõe, que o máximo que poderiam fazer era levá-la regularmente a médicos para acompanhar seu estado de saúde. Quando descobriam que eles precisavam também freqüentar escolas, espaços sociáveis, de interação, muitas vezes já era um pouco tarde e diversas habilidades que poderiam ter sido desenvolvidas, limitações que poderiam ter sido superadas não foram, pois o acesso a esses ambientes especializados foi tardio.
Neste sentido, Soares apud Gil (2001) ressalta:
"Hoje na tentativa de assegurar a permanência de algumas crianças com necessidades especiais no ensino regular, percebo mais fortemente a importáncia de um trabalho junto às mães da população de baixa renda, uma vez que pobreza, infelizmente, está associada à falta de escolaridade e de acesso a determinadas informações, visando ao esclarecimento acerca da deficiência de seus filhos. Em meu dia-a-dia, tenho encontrado desde mães que acham que o problema de seu filho não tem solução, àquelas que acha que seu filho não tem problema algum, o que é muito mais grave. Os pais que não aceitam a deficiência de seu filho e nem acreditam em sua capacidade para superar as limitações, impedem que este tenha acesso à estimulação e ao atendimento educacional especializado".
Hoje em dia, os próprios médicos já fornecem os diagnósticos necessários e orientam as famílias a procurarem as escolas, APAEs, etc para fazerem o acompanhamento da criança desde sua mais tenra idade até o momento que for considerado necessário. As APAEs, principalmente, trabalham com bebês com poucos dias de vida, fazendo o trabalho que chama-se de estimulação precoce e também apoio aos pais.
Conforme Aranha,2004:
"[...] A estimulação sensorial é essencial para seu desenvolvimento e contribui para prevenção de parte dos comprometimentos, quando ele tem, por exemplo.
O que ocorria há alguns anos era que alguns "médicos", (entre aspas mesmo, pois nem poderiam ser assim chamados), descreviam aos pais um pré-diagnóstico para a vida inteira da criança, diziam de suas limitações com total segurança, desestimulando dessa forma os pais a procurarem ajuda. Eles acabavam se conformando que a criança tinha limites muito claros (ditos pelo médico) e que não adiantava investir no filho (a). Felizmente, hoje, dificilmente encontra-se esse tipo de "profissional", pelo contrário o que se vê é a cada dia mais, pessoas de diversas áreas dispostas a estudarem e buscarem soluções para tornar a vida das pessoas com necessidades especiais cada dia mais próxima da dita "normal".
A ajuda das diversas entidades (APAE, grupos de apoio a pais de crianças com necessidades, psicólogas, etc) é de extrema importáncia para a família que se vê perdida ao saber da chegada de uma criança especial, muitas vezes o pai se afasta um pouco, as demais crianças da família sentem ciúme dos pais por eles terem (e com certeza) que se dedicarem mais ao cuidado do bebe especial, não por amá-lo mais que os outros filhos, mas porque muitas vezes requer realmente mais cuidados e atenção. Dessa forma muitas mães ficam sobrecarregadas de tarefas, acaba ficando depressiva, estressada, sob pressão constantemente.
A mãe tem que cuidar da casa, dos demais filhos, às vezes tem que trabalhar fora, tem que acompanhar o filho (a), e todos sabem que um filho assim requer visitas constantes a fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicólogo, médico, entre outros profissionais que às vezes faz-se necessário. Não se está querendo generalizar dizendo que todas as crianças com necessidades precisam de todos esses profissionais para atendê-los, mas com certeza a procura por ajuda de outras pessoas e profissionais é maior do que uma pessoa aparentemente saudável precise com tanta freqüência.
Assim, Aranha (2004) afirma:
"No entanto, "[....] Tudo isso pode ser transformado, se a família contar com um suporte terapêutico, onde deve ser trabalhado os sentimentos de cada segmento familiar e os padrões de relacionamento entre eles".
Pontua-se a releváncia de uma família unida, participativa, que realmente deseje o sucesso familiar, principalmente nos casos de crianças portadores de necessidades. Outro ponto importante aos pais é tentar tratar o filho (a) especial de maneira mais normal possível, deixando-o (a) que cresça naturalmente, que amadureça, crie responsabilidade, tenha noção dos direitos e deveres, do que é permito ou proibido. Essas noções são de extrema importáncia para a formação cidadã do indivíduo. Pois não é o fato de a pessoa possuir uma limitação que deverá ser tratado eternamente como um dependente, um "bebezão". Muitos pais erram justamente nesse ponto, nunca imaginam que seus filhos crescem e passam por todas (ou quase todas) delícias e frustrações da infáncia, adolescência, juventude, vida adulta,etc.
Anteriormente foi citada a situação de sentimento de abandono que os demais filho do casal que possui criança especial passa e sentem, ainda sobre isso é preciso dizer, que os pais realmente às vezes erram, dedicam-se só ao filho portador de necessidade e acabam "esquecendo" de dar atenção adequada aos outros, não que eles façam isso por querer, mais é uma situação que pode ocorrer e que os pais tem que observar com bastante carinho, para não trazer problemas futuros para a família e principalmente à personalidade dessa criança.
Fonte:
http://br.monografias.com/trabalhos908/o-papel-familia/o-papel-familia2.shtml
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